Resultados preliminares do Grupo Operacional – Pequenos Ruminantes

O Grupo Operacional Pequenos Ruminantes no Douro Verde tem como objetivo contribuir para o uso racional e sustentável de antiparasitários na produção de pequenos ruminantes nas regiões de montanha, nomeadamente as serras do Marão, Aboboreira e Montemuro. Para tal, é necessário determinar o perfil e nível de infeção dos parasitas gastrointestinais e pulmonares, e obter informação sobre a natureza e dimensão do problema da falta de eficácia por resistência aos anti-helmínticos.

Os resultados preliminares mais importantes resultantes das análises feitas às amostras de fezes recolhidas desde o outono de 2018 até ao outono de 2020 são os seguintes:

– Presença de parasitas pulmonares em todas as explorações, com diferentes intensidades e mais predominante em caprinos do que ovinos; os animais parasitados nem sempre têm sinais clínicos respiratórios; a coinfecção com a bactéria Pasteurella spp. agrava o quadro clínico pulmonar.

– Presença de coccídeas (protozoário que provoca a coccidiose) em todas as explorações com diferentes intensidades, e mais predominante nas explorações de caprinos com mais de 200 animais.

– A presença de ovos de parasitas gastrointestinais (tricostrongilídeos) variou entre as diferentes explorações; a intensidade de infeção foi maior no outono; não foi detetada a presença do parasita do fígado, Fasciola hepatica.

– Com base no teste de redução da contagem de ovos nas fezes (TRCOF), que avalia a eficácia do antiparasitário (anti-helmíntico) utilizado em algumas explorações, verificou-se a presença de possível resistência (presença de parasitas gastrointestinais resistentes) ao fenbendazol e à ivermectina.

Estes resultados preliminares que confirmam a falta de eficácia dos antiparasitários, devido à presença de resistências a anti-helmínticos, são fortes incentivos para que os produtores adotem procedimentos complementares de controlo integrado do parasitismo na sua exploração além do uso dos antiparasitários normalmente utilizados, em estreita colaboração com o seu médico veterinário ou outro técnico assistente. De entre as várias estratégias, que devem com certeza ser adaptadas às características de cada exploração, encontram-se as seguintes: realizar a quarentena, ou seja, o isolamento de animais novos introduzidos na exploração; administrar corretamente o anti-helmíntico e quando realmente é necessário, mediante avaliações regulares do nível de infeção parasitária; preservar os parasitas in refugia (que podem estar no pasto e nos animais não tratados), essenciais para diminuir o aparecimento de resistências, recorrendo por exemplo aos tratamentos seletivos e ao maneio de pastagens; fornecer uma boa e cuidada alimentação aos seus animais, especialmente em períodos críticos (ex: peri-parto); prevenir outras doenças que possam agravar o estado sanitário; tentar selecionar animais dentro da exploração, que possuam uma maior resiliência e possível resistência inata aos parasitas; e fazer avaliações regulares da eficácia dos anti-helmínticos usados na exploração.

Adotar estratégias para o controlo integrado e sustentável do parasitismo gastrointestinal nas explorações de pequenos ruminantes, permite manter ou melhorar a rentabilidade da exploração.