Resistências aos anti-helmínticos

Os parasitas internos continuam a ser um importante desafio à saúde e bem-estar animal, e potenciais causadores de grandes perdas na produção pecuária. O controlo da infeção parasitária gastrointestinal, numa exploração de pequenos ruminantes, deve ter em conta uma série de estratégias e medidas integradas e sustentáveis, embora atualmente ainda resida quase exclusivamente no uso dos anti-helmínticos, que matam os parasitas adultos e alguns estádios larvares.
A resistência aos anti-helmínticos é uma capacidade que o parasita adquire, que foi geneticamente herdada, de tolerar e resistir ao efeito de um anti-helmíntico. Ou seja, dizemos que um parasita é resistente quando consegue sobreviver a uma dose de anti-helmíntico recomendada e definida como eficaz, e deste modo consegue transferir esses genes de resistência aos seus descendentes.
Como consequência, o aparecimento de resistências reduz a eficácia do tratamento e deste modo pode levar a uma parasitose descontrolada. Esta situação origina perdas de produção e, além disso, os animais ficam mais suscetíveis a infeções concomitantes. Esta situação é atualmente um problema crescente, e reconhecido em muitas partes da Europa e do resto do mundo, representando uma ameaça ao bem-estar animal. As causas são de origem biológica e genética, mas também estão relacionadas com o tipo de maneio da exploração.
O desenvolvimento de resistências aos anti-helmínticos parece ser um processo incontornável, mas pode ser retardado. Existem vários fatores que podem influenciar a velocidade do aparecimento de resistência aos anti-helmínticos numa população de parasitas, e incluem: uma população pequena de parasitas in refugia; a elevada frequência de tratamentos, por vezes sem indicação médica, que exerce pressão de seleção sobre os genes de resistência; e a administração de uma dose de anti-helmíntico abaixo da dose recomendada (subdosagem).
A presença de resistência aos anti-helmínticos numa exploração é uma séria ameaça para o setor da pecuária, nomeadamente na produção de pequenos ruminantes.
É, portanto, urgente que os produtores se mantenham informados sobre a verdadeira eficácia dos anti-helmínticos utilizados na sua exploração, através do teste de redução de ovos fecais (TRCOF), e, deste modo, aplicar medidas eficazes, sempre em estreita coordenação com o médico veterinário assistente, de modo a minimizar o desenvolvimento de resistências aos anti-helmínticos.