A coccidiose nos Pequenos Ruminantes
A coccidiose é uma doença parasitária cosmopolita, frequente entre os pequenos ruminantes, que pode causar importantes perdas económicas, e que afeta principalmente os animais jovens. As explorações de maneio intensivo, com elevadas densidades de animais e alta produtividade, são as mais afetadas.
Esta doença, provocada por protozoários (parasitas unicelulares), está normalmente associada a coccídeas do género Eimeria, que se localizam sobretudo no intestino delgado e no intestino grosso. As coccídeas são específicas para cada espécie de hospedeiro, isto é, os caprinos e ovinos não partilham as mesmas espécies de parasitas. Existem muitas espécies de coccídeas, mas nem todas causam doença grave nos pequenos ruminantes.
O ciclo de vida das coccídeas é curto e de rápida disseminação. Estes parasitas têm uma fase de vida livre muito resistente que acontece no ambiente, e uma fase no intestino do animal. Os oocistos são excretados juntamente com as fezes para o exterior. Se as condições ambientais forem favoráveis, estes oocistos vão esporular e tornar-se infetantes.
A transmissão ocorre quando os animais ingerem os oocistos esporulados, que se podem encontrar em camas contaminadas, alimento e água contaminados, ou até quando se lambem uns aos outros (pelos dos animais contaminados com fezes). Já no intestino, continuam o seu ciclo nas células intestinais, produzindo depois novos oocistos que vão ser excretados pelas fezes e, deste modo, iniciar novo ciclo.
A coccidiose é tipicamente uma doença de cabritos e cordeiros com idade até aos 6 meses, sendo mais frequente em animais na fase de desmame. Pode ter uma apresentação subclínica (que é a mais frequente), com perda de apetite, perda de peso, diminuição das taxas de crescimento, diminuição da produção de leite e fezes moles. É nesta fase que acontecem as maiores perdas de produção com grande impacto económico. Por outro lado, a coccidiose clínica é mais esporádica e apresenta sinais clínicos óbvios, como as diarreias, mas também perda de peso, fraqueza, dor abdominal, apatia, tenesmo, mucosas pálidas e desidratação. Estes animais ficam também mais suscetíveis a outras infeções, parasitárias ou bacterianas, pelo que o diagnóstico e tratamento devem ser realizados o mais rapidamente possível.
Os fatores de risco associados à infeção estão relacionados com as características do hospedeiro (idade, fatores de stresse, características do sistema imunitário, exposição) do parasita (espécie e número de oocistos) e do ambiente (condições de esporulação, condições de higiene da exploração, tipo de exploração).
De uma forma geral, o controlo eficaz da coccidiose nos pequenos ruminantes não se baseia na eliminação completa das coccídeas. Além de não ser possível, também não é desejado. Níveis baixos de infeção, mas sem doença grave, são benéficos para os animais (os adultos são resistentes, de uma forma geral), pois permite o desenvolvimento de imunidade que será protetora para infeções futuras. A coccidiose é uma parasitose que afeta todo o efetivo de uma exploração.
Portanto, a implementação de medidas de controlo sustentável e integrado, da coccidiose nos pequenos ruminantes, tem como principal objetivo, reduzir a exposição aos parasitas, por exemplo em ambientes demasiado contaminados, bem como estabelecer um equilíbrio da infeção, tendo em conta os diferentes fatores de risco e as características da exploração.